segunda-feira, 15 de março de 2010

Literatura Francesa em Pierre de Ronsard “Sonnet à Cassandre”

Professora : Rosana Mendes
Disciplina : Literatura Francesa I
Acadêmicas: Delta Brito, Edna Bueno, Joana da Paz
Data: 07 / 05 / 2008

"Aquele que conhece as coisas é quase Deus".

Pierre de Ronsard


Introdução


Nesta pesquisa sobre o poeta francês renascentista, diplomata e líder da Plêaide Pierre de Ronsard. Podemos observar sua trajetória junto ao reino da França e sobre suas obras, seus amores.
Traduziremos e analisaremos uma das suas célebres obra “Sonnet à Cassandre”

Biografia


Pierre de Ronsard nasceu em 11 de setembro de 1524, em uma família de nobres de Vendômois, perto de Orleans. Foi preparado para seguir a carreira diplomática. Passou toda sua juventude como pajem dos filhos do rei, freqüentou a elite do reino e os literatos. Por causa da doença (que lhe deixou surdo) passou a se interessar aos estudos e à escrita. Sua personalidade forte permitiu impor-se ao grupo da Plêiade. Após algumas tentativas na poesia erudita, imitando aos gregos, volta-se para as coletâneas de amor, onde canta com simplicidade seus sentimentos para Cassandra ou para Maria, jovens mulheres pouco conhecidas.
Hoje não temos dificuldade de imaginar a ascendência que Ronsard exerceu sobre sua época. Suas publicações lhe conferem uma autoridade e um prestígio crescente. Sob o reinado de Charles IX (1560 – 1574), adquiriu glória e fortuna. Ronsard sabia fazer a síntese do gosto humanista que, na transição do século, puderam plenamente se desabrochar, e proclamou sua independência e ambição sem comprometer seu talento, era respeitado por todos, a serviço de uma causa, era um poeta “empenhado”. Através de seus namoricos canta as obsessões do homem do século XVI (fuga do tempo, aspiração à paz, desejo de se refugiar na natureza acolhedora, admiração aos gostos antigos, etc.). Em face de uma história que acelera e vacila, Ronsard nos convida a gostar do prazer e da arte de amar. O poeta faleceu em 27 de dezembro de 1585.
O Renascimento
Em termos gerais, por definição o Renascimento foi um movimento artístico, científico e literário que floresceu na Europa no período correspondente entre à Baixa Idade Média e o início da Idade Moderna, do século XIII ao XVI, com o berço na Itália e tendo em Florença e Roma como seus dois centros mais importantes. Sua principal característica foi o surgimento da ilusão de profundidade nas obras e, cronologicamente, pode ser dividido em quatro períodos: Duocento (1200-1299), Trecento (1300-1399), Quattrocento (1400-1499) e Cinquecento (1500-1599).
O Renascimento foi um movimento cultural cuja principal característica foi o surgimento da ilusão de profundidade nas obras.
Uma concepção elevada da poesia.

Os temas de Ronsard são inspirados pelo epicurismo (sensualidade). Sua poesia evoca a juventude que foge rapidamente; a natureza que é harmoniosa; o amor que contém todos os sentimentos. Mas, esses temas acentuam a vitória do tempo e da morte. A poesia se apresenta então como meio de compensar a fragilidade das coisas da vida: ela imortaliza esse e estes que ele canta. Tal que a jovem mulher desconhecida passará assim à posteridade; tal rei se verá conferir a glória. Ronsard reencontra o velho mito antigo do poeta mago. A poesia completa um sacerdócio e transmite revelações. Ela dá claridade e exprime, à prática de toda nação, os grandes ideais, as crenças, as esperanças. Ronsard se vê então poeta, próximo aos príncipes, como cronista e como guia.
Imitando o poeta latino Horácio e se inspirando no poeta grego Pindare, Ronsard publica em 1550, seus primeiros quatro livros de odes. O quinto e último livro de ode surgiu em 1552. Nessas odes, o autor inovou totalmente do ponto de vista da vida poética, utilizando todo seu tempo livre escolhendo a mitologia antiga, obtendo um grande sucesso, e frente ao mais novo dos poetas e o chefe de uma seqüência da Brigada. Foi o primeiro poeta a escrever uma coleção composta exclusivamente de odes, formas poéticas onde se acentua a musicalidade: poesia estrófica lírica. Os versos acompanhados de alaúde ou “apreciadas à lira”, e que tinha como missão celebrar seu destinatário, de louvá-lo ao extremo. Ronsard aparece na sua complexidade, porque a mesma coleção, faz entender o louvor dos reis (poesia oficial) e o elogio da vida privada consagrada ao amor, aos amigos e a poesia (poesia intimista e lírica). Em suas odes, Ronsard define igualmente a missão do poeta, que é inspirado pelos deuses – segundo uma tradição platoniense já comentada no século XV pelo filósofo Florentin Marsile Ficin.

Técnico da emoção

Quem diz Ronsard, diz poeta do amor. Esta reputação rende parcialmente justiça a originalidade e o interesse do autor. Ronsard se fez eco dos acontecimentos da vida nacional, e escreveu muito sobre temas políticos e filosóficos. De fato, ele redigiu uma obra fortemente personalizada, toda na primeira pessoa, onde põe suas mudanças de humor, sua característica taciturna, sua arrogância entusiasmos e decepções, certezas e dúvidas; Ronsard em toda parte dá a impressão de fazer da poesia uma declaração. O poeta foi um precursor do Romantismo, o descobriu com antecedência de duzentos anos, como se estivesse vivendo a época, poeta sincero, apressado em escrever pela força de seus sentimentos. Na realidade, essa concepção é ingênua.
Ronsard passou a vida mudando suas anedotas íntimas em obra de arte elaborada. Assim ele mesmo velou as seis edições sucessivas de suas obras completas, de 1560 a 1584, não parava de corrigir, de organizar seu plano de apagar as obscuridades inúteis ou as fórmulas livres demais. Suas famosas compilações de versos amorosos são os mesmos refundidos (modificados) várias vezes, não hesitou em trocar as peças dedicadas às mulheres de origem desconhecidas, de fato modificava a dedicatória. Não é duvidoso que Ronsard havia tido tumultuosos amores sinceros, mas sua obra atesta, sobretudo, a vontade muito consciente de um artista que visa menos a confidencia que a perfeição. A emoção é menos que a fonte e a origem do que o efeito do poema. No fundo, é aqui que o classicismo se anuncia.

Cantor do amor

Em sua vida, Ronsard fora saudado como uma espécie de poeta oficial, e trabalhou muito sob comando: hinos, discursos, ensaios épicos, traduções antigas, textos polêmicos contra os Reformistas, etc. Mas, paralelamente, rompe com essa austera produção para se consagrar ao amor. Ronsard não coloca sua vida sentimental sobre o signo de um único e exclusivo amor (contrariamente de Petrarca, Scève ou Du Bellay em Olive). Escolhera desenvolver o tema literário do amor sobre todas as faces, por meio de diversas figuras femininas: Cassandra, Maria, Helena.
A crítica as identificou, mas, Ronsard realiza mudanças de nomes e de classificação no decorrer das edições sucessivas. Os poemas de Ronsard não poderiam ser reduzidos a uma série de ilusórias referencias vivida. Não se preocupa em reproduzir uma emoção, mas de provocar o leitor.
Identificações possíveis:
- Cassandra, filha do banqueiro Salviati, casada com um senhor de Vendômois, era sobrinha de Diana Salviati, amada d’Agrippa d’Aubigné, e descendente distante de Alfred de Musset.
- Maria, sem dúvida Maria Dupin, uma jovem moça do meio modesto reencontrada em Bourgueil, en Anjou, ou Maria de Clèves, a jovem amante do rei Henri III, morta muito cedo.
- Helena, dama de honra de Catharina de Médicis, Helena de Surgères ficou inconsolável com a morte de seu noivo.
Os poemas mais conhecidos de Ronsard parecem ingênuos e simples, mas, juntos, sua coleção não faltam proezas e complicações petrarquianas. Porquanto jamais faz perder de vista que Ronsard escreveu para a civilidade, atingido pela cultura italiana bastante refinada.

Últimas chamas

Afetava-lhe e menosprezava os poetas cortesãos, Ronsard não parou de rimar sobre esse comando. Teve dúvida ao se engajar, por exemplo, a um grande poema épico em glória à monarquia e a nação francesa, a Franciade (1572). Esta vasta e indigesta epopéia nacionalista não teve muito sucesso e ficou inacabada. Ao lado desse fiasco, os Discursos atestam mais o entusiasmo ronsardiano: o poeta se “engaja” a atacar violentamente os “hereges”. Os protestantes tomam então Ronsard como alvo; ele terá de se defender e mostrar a pureza de sua vida.
Todas essas tensões não trouxeram bons resultados a Ronsard; ele se exaspera e taciturno vai constantemente a um dos três priorados de Touraine, onde os príncipes o tinham gratificado. Na morte de Charles IX (1574), Ronsard sentiu que a dinastia degenerou. As pessoas preferiam Du Bartas ou Desportes. Os protestantes não perdoaram seus versos fanáticos. Ele se enfurecia e criticava seus rivais (cravadas de inflamadas rasteiras), sua hora passou. Os últimos poemas refletem então esse crepúsculo: se justifica e se lastima. Com seu realismo habitual, descreve sua decepção. Mas, sua nostalgia voluptuosa dá Graça e sensualidade a essas últimas poesias fúnebres. Uma espécie de amor pagão brilha aqui as últimas chamas de sua vida.
A crise dos valores e o surgimento do barroco na poesia.


Um clima novo

Os traços de Ronsard gravitam entre os discípulos e os imitadores. Alguns são próximos a ele (Bellay, Baif, Pontus de Tyard): os outros são os rivais da corte (tal como Desportes): enfim, outros o admiram, mas não são de seu campo político (os protestantes Agrippa d’Aubigné e Guillaume Du Bartas). Dos que viviam com Ronsard, todos admitem sua superioridade, mas em sua morte (1585), nenhum reclama sua herança. Montagne tinha razão de ironizar: depois que Ronsard e Du Bellay deram crédito à nossa poesia francesa, não vi sequer um pequeno aprendiz se apaixonar pelas palavras, e não se classifica na cadência, tão pouco perto às deles.
Ora, entre a Plêiade nascente (próximo a 1550) e os anos onde todo o mundo “ronsardise” (perto a 1570 – 1585), o clima mudou. A conjuração d’Amboise (1560) e a repressão que seguiu dá o sinal das guerras civis. Elas vão romper as consciências e ensangüentar o país durante muito tempo; a violência e os horrores se generalizam.
A humanidade vê suas certezas se afundarem. Os temas trágicos reaparecem: o macabro, o sofrimento, a vitória da morte, a fragilidade e a inconstância do homem.
Pouco tempo depois de sua morte, Ronsard cai em desgraça. Malherbe condena a luxúria de sua língua; os clássicos não encontram nada disso que eles amam: a medida, a razão, o rigor e o bom gosto; por algum tempo o desonra – o grande Arnauld falara de suas “lastimáveis poesias”, Voltaire lhe julgara “bárbaro” -, Ronsard foi redescoberto por Sainte-Beuve e celebrado pelos Românticos. É que ele surgiria dois séculos para reencontrar tal sinceridade de lirismo. Mas esta reabilitação não é unânime. Michelet o consagra em sua História da França, algumas páginas cruéis: “Tapado como um surdo sob a pobre língua francesa.”. Mais desempenhado de suas referencias eruditas, mitológicas e cortesãs, a poesia de Ronsard fica jovem, também eterna nisso que ela canta melhor: o amor e a natureza.


Características da Obra
- O amor por Cassandra
- Musicalidade
- Natureza
- O sofrimento
- A vulnerabilidade
- Ilusão em profundidade

Texto original
Sonnets à Cassandre
Ciel, air et vents, plains et monts découverts,
Ce texte est extrait de Les Amours écrit
par Pierre de Ronsard
Ciel, air et vents, plaine et monts découverts,
Tertres vineux et forêts verdoyantes,
Rivages torts et sources ondoyantes,
Taillis rasés et vous bocages verts,

Antres moussus à demi-front ouverts,
Prés, boutons, fleurs et herbes roussoyantes,
Vallons bossus et plages blondoyantes,
Et vous rochers, les hôtes de mes vers,

Puis qu'au partir, rongé de soin et d'ire,
A ce bel oeil Adieu je n'ai su dire,
Qui près et loin me détient en émoi,

Je vous supplie, Ciel, air, vents, monts et plaines,
Taillis, forêts, rivages et fontaines,
Antres, prés, fleurs, dites-le-lui pour moi.


Texto traduzido

Soneto à Cassandra
Céu, ar e ventos,têm pena dos montes descobertos.

Céu, ar e ventos, planícies e montes descobertos,
Colinas avermelhadas e florestas verdejantes,
Ribeiras retorcidas e fontes ondulantes,
Matas niveladas e vocês verdes arvoredos

Cavernas musgosas à frente descoberta,
Prados, botões, flores e ervas rocheadas,
Pequenos vales corcundas e praias douradas,
E vocês rochedos, deformações de meus versos,

Que após partir, corroído de cuidado e de cólera
Nem a esse belo olho eu disse Adeus,
Que perto ou longe detém-me a emoção,

Eu vos suplico, Céu, ar, ventos, montes e planícies,
Matas, florestas, ribeiras e nascentes,
Cavernas, prados, flores, digam-lhe por mim.

Análise do poema.


O Soneto à Cassandra (Sonnet à Cassandre) de Pierre de Ronsard composto de 14 versos, disposto em 2 quartetos e 2 tercetos. Observamos em todas as estrofes “Céu, ar e ventos, planícies e montes descobertos / Colinas avermelhadas e florestas verdejantes / Ribeiras retorcidas, e fontes ondulantes / Matas niveladas e vocês verdes arvoredos”, o poeta utilizou uma metáfora, os ‘montes descobertos’, que seria o seu amor secreto o qual ele só podia falar à natureza. Percebemos que todo o poema, Ronsard demonstra toda sua vulnerabilidade, ao se apaixonar e sua paixão um amor impossível. A predominância neste soneto é a natureza, como podemos perceber em todo o poema.
É percebível que o poeta se refere a um amor impossível ou em segredo, podemos confirmar nestes versos: “Que após partir, corroído de cuidado e de cólera / Nem a esse belo olho eu disse Adeus / Que perto ou longe detém-me a emoção,” visto que Cassandra era casada.
Incapaz de se declarar, o poeta apela ao céu, aos ventos, ao ar, a tudo que se refere à natureza que diga à Cassandra de seu amor, como podemos ver na última estrofe: “Eu vos suplico, Céu, ar, ventos, montes e planícies / Matas, florestas, ribeiras e fontes / Cavernas, prados, flores, digam-lhe por mim.”
Nesta obra a musicalidade também é predominante.
Identificamos nos versos suas mudanças de humor, sua taciturnice, sua arrogância, entusiasmos e decepções, certezas e dúvidas; Ronsard em toda parte dá a impressão de fazer da poesia uma declaração. O poeta Renascentista antecedeu a época , por ser um poeta sincero e apressado em escrever seus versos com romantismo.


Conclusão

Ao fazermos este trabalho percebemos a grande importância para o nosso aprendizado, por sermos acadêmicos do Curso Bacharel em Letras Tradutor Francês / Português. Pois tivemos oportunidade de conhecer um poeta renomado como Pierre de Ronsard, principalmente por traduzirmos uma das suas obras


Referências

FERNANDES, Francisco, LUFT, Celso Pedro, GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário brasileiro Globo. 40 ed. São Paulo, Globo, 1995.

FLORENZANO, Everton. Dicionário EDIOURO francês/português português/francês. 18ª Edição, Ediouro publicações S.A.

Acesso em: 14 / 04 / 2008
www.google.fr/pierrederonsard
pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_de_Ronsard
http://www.weltchronik.de/ws/bio/r/ronsard/