Acadêmicas: Edna Bueno, Joana da Paz
Análise do poema abaixo segundo os conceitos de Estilística do Som ou Fônica
Um Sonho
Eugênio de Castro
Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse...
O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas em seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...
Flor! Enquanto na messe estremece a quermesse
E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! À flor destes floridos fenos...
Soam vesperais as Vésperas...
Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...
Como aqui se está bem! Além freme a quermesse
- Não sentes em gemer dolente que esmorece?
São amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! À flor dos frescos fenos...
Teus lábios de cinábrio, entreabre-os! Da quermesse
O rumor amolece, esmaiece, esmorece...
Dá-me que eu beije os teus morenos e amenos
Peitos! Rolemos, Flor! à dos flóreos fenos...
Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse
E a flor que sonho? e o sonho? Ah! Tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...
Análise
O poema um Sonho do poeta Eugênio de Castro, está repleto de repetições fônicas do início ao fim. Na primeira estrofe, temos vogais abertas (e), relacionadas à alegria. O que se pode observar nesta primeira estrofe também é aliteração (repetição de sons consonantais, ss, sibilante: messe, enlouquece e estremece – que apesar de ter a letra c, tem o som de ss – a quermesse, o que podemos dizer que é de rima consoante em todo o poema; l: sol, celestial, girassol, dando a idéia de fluência; f: fogem fluidas, fluindo, fina, flor, fenos, conotando fuga e flutuação) bem como assonância (repetição vocálica em sílabas tônicas, e – idéia de alegria -, o – idéia de soturnidade, i – idéia de agudeza). Temos ainda, em que cantilenas, serenos, amenos, som nasal; crase como em: enlouquece, estremece (enlouquecestremece); sinalefa; estremece a (estremecia), encontro de duas vogais que se transforma em uma semivogal.
Considerações finais
Finalizamos nossa análise, enfatizando que todo o poema está constituído de repetições fônicas como já dissemos anteriormente. Isto nos leva a seguinte conclusão, o estudo da Estilística nos mostra o quando podemos aprender em se tratando dos fenômenos da linguagem dentro do estilo de cada escritor.
Referência bibliográfica
· MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística. 3° ed. São Paulo. T.A.QUEIROZ, 2003.
Referência online
http://www.metodista.br/biblioteca/abnt/abnt#folha-de-aprova-o-obrigat-rio – acessado em 04 de Abril de 2008 às 15h00min.
3 comentários:
Parabéns pelo trabalho...
realmente noto sua competência e da forma como trata o curso...com muita seriedade e dedicação...
Por isso, acredito que seu caminho como futura tradutora e Crítica Literária será com muitas conquistas...
Um abraço
Obrigada Dany, um elogio vindo de você é uma honra.
Você sabe que procuro fazer da melhor forma possível para melhorar meus conhecimentos.
Volte sempre!
Postar um comentário