sábado, 24 de janeiro de 2009

O teatro francês em Molière Le Malade Imaginaire (O doente imaginário)

Professora: Rosana Mendes
Disciplina: Litterature Française
Acadêmicas: Delta Brito, Edna Bueno, Joana da Paz, Mackelle Araújo

Apresentação
Gênio da literatura francesa e universal, Molière adotou as formas tradicionais da comédia e revitalizou-as num novo estilo, em que os contrários se confrontam: a verdade se opõe à falsidade, a inteligência ao pedantismo. Esse estilo, unido à aguda percepção do absurdo da vida cotidiana, deu às obras de Molière um caráter inimitável.
Biografia
Jean- Baptiste Poquelin nasceu em 15 de janeiro de l622 e faleceu em 17 de janeiro de 1673, em Paris, filho de Marie Crassé e Jean Poquelin. Seu pai foi um exímio tapeceiro do Rei. Molière estudou no colégio jesuíta de Clermont em 1637, antes de partir à Orleans para fazer o curso de Direito. Renunciou a uma carreira jurídica e a herança de seu pai, iniciou sua carreira teatral ainda muito jovem.
No mais, tinha seu lugar junto aos maiores escritores franceses, não apenas por causa que sua obra emprega todo o método concebido para os espectadores.
Sua vida, alias, foi uma serie de turbilhões. Foi acometido de doenças, mesmo assim, Molière conheceu grandes sucessos, mas também o fracasso total. Era às vezes adorado por seus amigos e detestado por inúmeros inimigos. Em parte algumas pessoas o cobriam de louvores, e em outra parte o sufocava com calúnias.

Principais obras
La jalousie du Barbouillé
Le médecin volant
L'étourdi
Le dépit amoureux
Les précieuses ridicules
Sganarelle
Dom Garcie de Navarre
L'école des maris
Les Fâcheux
L'école des femmes
La critique de l'école des femmes
L'impromptu de Versailles
Le mariage forcé
La princesse d'Élide
Tartuffe
Don Juan
L'amour médecin
Le misanthrope
Le médecin malgré lui
Mélicerte
Pastorale comique
Le sicilien
Amphitryon
Georges Dandin
L'avare
Monsieur de Pourceaugnac
Les amants magnifiques
Le bourgeois gentilhomme
Psyché
Les fourberies de Scapin
La comtesse d'Escarbagnas
Les femmes savantes
Le malade imaginaire
Les affaires sont les affaires

Obra para análise
Le Malade imaginaire (1622-1673), Acte II, scène 2

ARGAN — Monsieur Purgon m'a dit de me promener le matin dans ma chambre douze allées et douze venues ; mais j'ai oublié à lui demander si c'est en long ou en large.
TOINETTE — Monsieur, voilà un...
ARGAN — Parle bas, pendarde ! Tu viens m'ébranler tout le cerveau, et tu ne songes pas qu'il ne faut point parler si haut à des malades.
TOINETTE — Je voulais vous dire, Monsieur...
ARGAN — Parle bas, te dis-je.
TOINETTE — Monsieur... (Elle fait semblant de parler.)
ARGAN — Eh?
TOINETTE — Je vous dis que... (Elle fait semblant de parler.)
ARGAN — Qu'est-ce que tu dis ?
TOINETTE, haut. — Je dis que voilà un homme qui veut parler à vous.
ARGAN — Qu'il vienne. (Toinette fait signe à Cléante d'avancer.)
CLÉANTE — Monsieur...
TOINETTE, raillant1. — Ne parlez pas si haut, de peur d'ébranler le cerveau de Monsieur.
CLÉANTE — Monsieur, je suis ravi de vous trouver debout et de voir que vous vous portez mieux.
TOINETTE, feignant d'être en colère. — Comment qu'il se porte mieux ? Cela est faux, Monsieur se porte toujours mal.
CLÉANTE — J'ai ouï dire que Monsieur était mieux, et je lui trouve bon visage.
TOINETTE — Que voulez-vous dire avec votre bon visage ? Monsieur l'a fort mauvais, et ce sont des impertinents qui vous ont dit qu'il était mieux. Il ne s'est jamais si mal porté.
ARGAN — Elle a raison
TOINETTE — Il marche, dort, mange, et boit tout comme les autres ; mais cela n'empêche pas qu'il ne soit fort malade.
ARGAN — Cela est vrai.
CLÉANTE — Monsieur, j'en suis au désespoir. Je viens de la part du maître à chanter de Mademoiselle votre fille. Il s'est vu obligé d'aller à la campagne pour quelques jours, et, comme son ami intime, il m'envoie à sa place pour lui continuer ses leçons de peur qu'en les interrompant elle ne vînt à oublier ce qu'elle sait déjà.
ARGAN — Fort bien. Appelez Angélique.
TOINETTE — Je crois, Monsieur, qu'il sera mieux de mener Monsieur à sa chambre.
ARGAN — Non, faites-la venir.
TOINETTE — Il ne pourra lui donner leçon comme il faut s'ils ne sont en particulier.
ARGAN — Si fait2, si fait.
TOINETTE — Monsieur, cela ne fera que vous étourdir, et il ne faut rien pour vous émouvoir en l'état où vous êtes, et vous ébranler le cerveau.
ARGAN — Point, point, j'aime la musique, et je serai bien aise de... Ah ! la voici. Allez-vous-en voir, vous, si ma femme est habillée.

O Doente Imaginário
ARGAN – Senhor Purgon me disse para eu caminhar pela manhã em meu quarto, doze idas e doze vindas; mas eu me esqueci de lhe perguntar se eram passadas longas ou curtas.
TOINETTE – Senhor veja um...
ARGAN – Fala baixo, pendarde ! Tu vais misturar todo o meu cérebro, e tu não sonha que se falares alto ele pode adoecer.
TOINETTE – Eu queria lhe dizer, Senhor...
ARGAN – Fale baixo, eu disse.
TOINETTE – Senhor... (Ela faz menção de falar)
ARGAN – Eh?
TOINETTE – Eu vos disse que.... (Ela faz menção de falar)
ARGAN – O que dissestes?
TOINETTE – alto. – Eu disse que eis o homem que quer falar com o senhor.
ARGAN – que venha. (Toinette faz sinal para Cléante se aproximar)
CLEANTE – Senhor...
TOINETTE – avisa. – não fale alto, por medo de embaralhar o cérebro do senhor.
CLÉANTE – Senhor estou encantado de encontrar-vos em pé e de ver que vós se encontra melhor.
TOINETTE, de boa vida de estar em cólera. – Como que ele se encontra melhor? Como assim, é falso, senhor se encontra sempre mal.
CLÉANTE – Ouvir dizer que o senhor estava melhor, e eu lhe encontramos de semblante bom.
TOINETTE – Que queres dizer com seu bom semblante? Senhor foi acometido por um mal fortíssimo, e são impertinentes quem vos disse que ele estava melhor. Nunca se alcance o mal
ARGAN – Ela tem razão.
TOINETTE – Ele anda, dorme, come, e bebe tudo como os outros; mas isso não impede que não sinta muito mal.
ARGAN – Isso é verdade.
CLÉANTE – Senhor estou em desespero. Venho da parte do professor de canto da senhorita sua filha. Ele se viu obrigado a ir ao campo por alguns dias, e, como seu amigo intimo me enviou em seu lugar para dá continuidade as suas lições por temer que se interrompa e ela esqueça o que já sabe.
ARGAN – Bem forte. Chame Angélique.
TOINETTE – Creio senhor, que será melhor conduzi-lo ao quarto dela.
TOINETTE – Ele não poderá ensiná-la como se não fosse em particular.
ARGAN – Mais se, mais se.
TOINETTE – Senhor, isso não lhe fará atordoar, e não faz nada para comover o estado em que o senhor está, e embrulhar seu cérebro.
ARGAN – Ponto, ponto final, amo música, e estarei bem a vontade de...Ah! ei-la. Vão-se embora ver, vocês, se minha mulher está vestida.
ARGAN – Ponto, ponto final, amo música, e estarei bem a vontade de...Ah! ei-la. Vão-se embora ver, vocês, se minha mulher está vestida.

Enredo:
O doente imaginário é uma ‘Comédia-ballet’ de 1673. Trata-se da ultima peça de Molière onde ele mesmo atuou como o personagem Argan. Um pouco antes do fim da quarta apresentação, Molière morre em sua casa. A peça contém três atos, centrado na personagem Argam: o doente imaginário, que decidiu casar a filha Angelique com o médico Thomas Dicefoirus, sobrinho do Senhor Purgon, médico de Argan.
Na cena 5 do ato I, Argan ameaça pôr sua filha no convento se ela se recusar a casar com Thomas. Angelique é defendida por Toinette, a criada. Na primeira cena do ato II Cléante informa a Toinette que ele correu para tomar o lugar do professor de música para dar aulas a Angelique.
O que está em jogo na cena: Argan como personagem desconfiado, não faz ar de louco, por outro lado a obsessão por sua doença é interessante. É verdade que Argan está doente, mas sua obsessão é mental conhecida pelos médicos da época como hipocondríaca.
Em outra cena Toinette interrope os diálogos entre Argan e Cleante que não lhe diz respeito – aliás existem contrastes entre o ato I, no inicio Argan fala com Toinette encolerizado, já mais adiante, ele concorda com ela.
Primeiro o dialogo entre Toinette e Argan promete retardar uma informação inútil, (a chegada de Cléante). Depois a apresentação de Cleante a Argan e os efeitos do eco com o primeiro movimento.
Enfim uma dupla enunciação que persegue a terceira cena (dupla discursividade) com efeitos ironicos Toinette ensaia a ajudar a Angelique, mas Argan distancia por um pretexto: ele suspeita do professor de musica.
Toinette tenta contornar a cólera de Argan. Neste caso, Toinette está no centro da cena. Trata-se de uma personagem espiritual, jovial, insolente, manipuladora, e dedicada aos jovens apaixonados e sua felicidade de um lado é ajudá-los e de outro mostrar à Argan sua “loucura”. Para acolher bem Cléante, Toinette tenta amenizar a cólera de Argan. Desde o inicio da cena, Molière ridiculariza os médicos. O senhor Purgan prescreve exercícios a Argan... A personagem é marcada pelo excesso: egocentrismo (perdido em sua loucura), colérico, crédulo em relação aos médicos – faz um papel quase infantil.
A criada se intromete na conversa, tirando sistematicamente as palavras de Argan. Cléante desconcerta-se pelo jogo de Toinette e o expectador se diverte com a situação cômica.
De uma parte Toinette faz de trouxa o professor sem que ele perceba, de outra lado, Cleante admirado: por isso rapidamente cai apaixonado em uma casa de loucos.
Argam aprova então que ela venha gozar com a cara dele. Cleante descobre a mentira que ele preparou: ele se faz passar pelo substituto do professor de musica. Enfim no ato 3, inicio da cena com a réplica: fala alto chamando Angelique.

Considerações finais
Essa comédia-ballet se trata de uma critica de Molière aos médicos charlatães do século XVII que utilizavam de sangria para ‘curar’os possíveis males em seus pacientes, o que na realidade não era verdade, uma vez que, se tratavam apenas de um interesse social e econômico, e quando os pacientes morriam, esses médicos diziam se tratar de um mal incurável.

Referências
http://www.etudes-litteraires.com/moliere.php
http://www.site-moliere.com/bio/
http://www.toutmoliere.net/chronologie/index.html
http://doenteimaginario.sites.uol.com.br/moliere.htm

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