terça-feira, 19 de julho de 2011

A PARTIR DA ANÁLISE DA CRÔNICA "UM SONHO" DE CLARICE LISPECTOR - BUSCAR UM PROBLEMA ATUAL NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Universidade Vale do Acaraú - UVA / AMAPÁ
Orientadora: Carla Nobre
Disciplina: Teoria da Literatura II
Curso: Licenciatura Plena em Letras
Acadêmicas:
Joana da Paz Silva
Maria da Conceição C. dos Santos
Rosenir Barbosa da Silva

APRESENTAÇÃO

Neste trabalho objetiva-se analisar a crônica Um sonho de Clarice Lispector. Nesse sentido, por meio da análise buscar um problema atual da sociedade brasileira. Já que se tem de falar de um problema, porque não falar sobre a “saúde” aqui no Estado do Amapá?

CRÔNICA

Um sonho (Clarice Lispector)

Foi um sonho tão forte que acreditei nele por minutos como uma realidade. Sonhei que aquele dia era Ano Novo. E quando abri os olhos cheguei a dizer: Feliz Ano Novo!
Não entendo de sonhos. Mas este me parece um profundo desejo de mudança de vida. Não precisa ser feliz sequer. Basta ano novo. E é tão difícil mudar. Às vezes escorre sangue.

ANÁLISE

A crônica Um sonho de Clarice Lispector, é uma narrativa de caráter psicológico, onde a autora usa um fato externo e reflete sobre si mesma e toma consciência do seu próprio EU.
A narrativa é, portanto, na primeira pessoa: Foi um sonho tão forte que acreditei nele por minutos como uma realidade. A autora confunde-se, o psicológico com a realidade: E quando abri os olhos cheguei a dizer: Feliz Ano Novo! Uma reflexão, o próprio EU expressa o desejo de mudança: Mas este me parece um desejo de mudança de vida.
Percebe-se que em Um sonho Clarice procura atingir as mais profundas camadas da consciência humana, em um mergulho psicológico poucas vezes tentado na literatura.
Como em Um sonho, busca-se identificar um problema grave na sociedade atual.
Realmente, esta crônica parece atual. Muitos são os problemas hoje existentes na sociedade brasileira, precisamente, no Estado do Amapá, onde bailam como um sonho a serem resolvidos. Porém, entre tantos problemas, cita-se a saúde pública.
Começa-se pelas unidades de saúde localizadas nos bairros. Para marcar uma consulta, tem-se que ir de madrugada, e na maioria das vezes, para dois ou três dias depois ser atendido. Quando chega o dia da consulta, às vezes o médico não aparece. Quando tem o médico, falta o medicamento. Se o médico pede exames para fazer, demora tanto receber o resultado que piora o estado de saúde da pessoa. Volta-se ao Centro de Saúde para entregar o resultado dos exames, é outra morosidade para se falar com o médico.
Em caso de emergência, o Centro de Saúde do bairro encaminha o paciente ao Pronto Socorro. Quando se chega lá, tem o médico, mas se for necessário internar, dificilmente tem leito, fica-se nos corredores deitados ou sentados em bancos tomando a medicação. No caso só de consulta, sempre falta algum remédio e nem sempre se tem como comprar.
No que se refere à Maternidade, o atendimento é precário. Pode-se observar que às vezes acontece do médico plantonista, principalmente à noite, sai para atender pacientes em outro hospital ou clínica particular. Quanto a internação, por não ter leitos suficientes, ficam duas pacientes em um leito. A higiene deixa muito a desejar, proporcionado ao paciente uma infecção hospitalar.
Observa-se que no Hospital Infantil o atendimento não é diferente do Pronto Socorro e da Maternidade. Os problemas são os mesmos, ou até mais graves, por se tratar do público totalmente infantil. Como nos demais, encontra-se atendentes que precisam fazer cursos de relações humanas para melhor tratar quem procura essas instituições. O poder público precisa investir na saúde que se encontra na UTI.
Daí, o desejo de mudança, como de fosse o começo de um: “Feliz Ano Novo!” Sabe-se que não é fácil mudar, e rapidamente, é impossível. Portanto, tem-se que tentar, por mais que seja lento, a mudança, é necessário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ler os textos de Clarice Lispector é penetrar num mundo entre a palavra e o silêncio, entre o que se diz e o que está implícito ao dizer. Se quiser entender seus textos, deve se interrogar também no silêncio. Como já dizia o russo Chklovski: “a arte provoca um estranhamento em face da realidade”. A viagem pela introspecção psicológica faz com que o leitor tenha pleno domínio da situação, quebrado pelos limites espaço - temporais que tornam a obra verdadeira de forma que os sentimentos misturam-se.
Nesta obra em especifico, a autora retrata que o ser humano vive numa sociedade com desejo profundo de mudança de vida. Como se o verdadeiro EU estivesse interpretando uma personagem, e mostrando de fato os seus anseios e desejos.
Nesse sentido, buscou-se um problema atual da sociedade brasileira, sobre o qual se lê em jornais, se vê em telejornais, e se vive esta realidade aqui no Amapá: a saúde pública. Dessa forma, que a crônica Um sonho de Clarice de Lispector sugere que o povo deve sonhar e acreditar que, quem sabe um dia poderá tornar-se realidade? Mesmo esse problema sendo tão real, que parece impossível de resolvê-lo. Mas, não custa nada sonhar, que um dia a saúde pública possa sair da UTI. Seria: Ano Novo, ou, Feliz Ano Novo!

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